sexta-feira, 5 de dezembro de 2014




 Poder Revela

Como afirma o respeitado religioso e escritor Frei Betto, em uma das suas famosas obras literárias, quando resolve dialogar com o físico Marcelo Gleiser, sobre ciência e fé. No transcorrer da conversa de altíssimo nível, ele vira-se para o Marcelo e diz, “o poder meu caro, não muda ninguém, as pessoas apenas se revelam nele”.

Acho que o ilustre Frei possui toda a razão, sobretudo, nesta conjuntura conturbada e vergonhosa, em que vive hoje o país, marcada pelo abominável caso de corrupção envolvendo a Petrobrás e as empreiteiras amigas, daqueles que possuem provisoriamente o poder, o pior de tudo, regado a vinhos e azeites trufados, consumidos pelos senhores Renato Duque e o Pedro Barusco, nos melhores restaurantes da Zona Sul do Rio, no momento em que tramavam o assalto contra a estatal brasileira.

 Assiste-se, deploravelmente, executivos e diretores de estatais e empresas privadas sendo presos e denunciados por entrarem no poder apenas para revelarem as suas respectivas e verdadeiras personalidades. Lesam sobremaneira, a sociedade brasileira, através dos seus sucessivos desfalques aos cofres públicos, comprando jatinhos e iates e empreendo lavagem do dinheiro, afanado, em paraísos fiscais.

Fato notório e que não traz para qualquer cidadão comum, de inteligência mediana, nenhuma novidade, o depoimento do senhor Paulo Roberto Costa, quando na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito), ele afirmou com todas as letras, que em qualquer obra pública que se realize no Brasil contemporâneo, existe propina. Seja na construção de hidrelétricas, ferrovias, rodovias e afins, o que de certa forma constitui-se como acinte, ao contribuinte pátrio. Porém, é bom que se diga em alto e bom som que infelizmente a coisa pública no Brasil é tratada desta maneira, não é de agora.

Importante salientar que a corrupção no Brasil não iniciou-se com o PT e muito menos com os partidos que também se encontram envolvidos nos escândalos. Dilapidar o patrimônio público, constitui-se uma prática corriqueira e antiga da nossa cultura política.

Nem será por conta desta triste cultura que impera ainda no país que vamos naturalizar e esmorecer diante dessas aberrações feitas às custas do nosso dinheiro. Devemos reagir veementemente, na qualidade de cidadãos e pressionar às instituições de controle do Brasil, para que elas aumentem as suas ações sobre a malversação do dinheiro público, colocando na cadeia todos aqueles criminosos que tergiversaram na sua atribuição pública, quando ocuparam cargos públicos.

Ressalte, todavia, que o político brasileiro e os empresários que praticam crimes contra o erário público, não possuem medo da legislação vigente, visto que a impunidade contra ricos é grande, muito menos da mídia, pois ela está sempre a serviço daqueles que possuem maior poder econômico. A única coisa que mete medo nesta gente, chama-se o povo.

Por conta destes e outros desvios de conduta moral que ocorre atualmente, a população deve se conscientizar e começar a participar mais da vida pública do país e da sua cidade, para entender melhor como funcionam os mecanismos e dinâmicas dos poderes constituídos, seja do executivo, do legislativo e do judiciário, por sua vez, elevar a vigilância sobre como são aplicados o dinheiro, dos nossos insuportáveis impostos.

 As redes sociais usadas constantemente, por nossos jovens e adultos que a elas se converteram pode ser hoje um grande instrumento de controle. Inclusive as autoridades policiais, que desenvolvem atividades investigativas pautados na inteligência, utilizam com frequência, as redes sociais, que de certa maneira, vem dando suporte aos seus serviços e uma maior transparência a nossa democracia.

 Dentro deste contexto fica o apelo da transparência dos gastos públicos, já! Caso contrário a verdade aparecerá como agora. Parabéns, ao Ministério Público Federal e a Polícia Federal, que apesar do seu sucateamento, tem dado respostas à contento a sociedade, além do mais, esperamos que o Ministro da Justiça, não atrapalhe nenhum tipo de investigação. Chega de teatro e repressões anacrônicas! Cada um se revelará no momento oportuno. Vamos aguardar!

José Alves de Azevedo Neto
Economista
         
   


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