Poder Revela
Como
afirma o respeitado religioso e escritor Frei Betto, em uma das suas famosas
obras literárias, quando resolve dialogar com o físico Marcelo Gleiser, sobre
ciência e fé. No transcorrer da conversa de altíssimo nível, ele vira-se para o
Marcelo e diz, “o poder meu caro, não muda ninguém, as pessoas apenas se
revelam nele”.
Acho
que o ilustre Frei possui toda a razão, sobretudo, nesta conjuntura conturbada
e vergonhosa, em que vive hoje o país, marcada pelo abominável caso de corrupção
envolvendo a Petrobrás e as empreiteiras amigas, daqueles que possuem
provisoriamente o poder, o pior de tudo, regado a vinhos e azeites trufados,
consumidos pelos senhores Renato Duque e o Pedro Barusco, nos melhores
restaurantes da Zona Sul do Rio, no momento em que tramavam o assalto contra a
estatal brasileira.
Assiste-se, deploravelmente, executivos e
diretores de estatais e empresas privadas sendo presos e denunciados por entrarem
no poder apenas para revelarem as suas respectivas e verdadeiras
personalidades. Lesam sobremaneira, a sociedade brasileira, através dos seus
sucessivos desfalques aos cofres públicos, comprando jatinhos e iates e
empreendo lavagem do dinheiro, afanado, em paraísos fiscais.
Fato
notório e que não traz para qualquer cidadão comum, de inteligência mediana,
nenhuma novidade, o depoimento do senhor Paulo Roberto Costa, quando na CPMI
(Comissão Parlamentar Mista de Inquérito), ele afirmou com todas as letras, que
em qualquer obra pública que se realize no Brasil contemporâneo, existe
propina. Seja na construção de hidrelétricas, ferrovias, rodovias e afins, o
que de certa forma constitui-se como acinte, ao contribuinte pátrio. Porém, é
bom que se diga em alto e bom som que infelizmente a coisa pública no Brasil é
tratada desta maneira, não é de agora.
Importante
salientar que a corrupção no Brasil não iniciou-se com o PT e muito menos com
os partidos que também se encontram envolvidos nos escândalos. Dilapidar o
patrimônio público, constitui-se uma prática corriqueira e antiga da nossa
cultura política.
Nem
será por conta desta triste cultura que impera ainda no país que vamos
naturalizar e esmorecer diante dessas aberrações feitas às custas do nosso
dinheiro. Devemos reagir veementemente, na qualidade de cidadãos e pressionar às
instituições de controle do Brasil, para que elas aumentem as suas ações sobre
a malversação do dinheiro público, colocando na cadeia todos aqueles criminosos
que tergiversaram na sua atribuição pública, quando ocuparam cargos públicos.
Ressalte,
todavia, que o político brasileiro e os empresários que praticam crimes contra
o erário público, não possuem medo da legislação vigente, visto que a
impunidade contra ricos é grande, muito menos da mídia, pois ela está sempre a
serviço daqueles que possuem maior poder econômico. A única coisa que mete medo
nesta gente, chama-se o povo.
Por
conta destes e outros desvios de conduta moral que ocorre atualmente, a
população deve se conscientizar e começar a participar mais da vida pública do
país e da sua cidade, para entender melhor como funcionam os mecanismos e
dinâmicas dos poderes constituídos, seja do executivo, do legislativo e do
judiciário, por sua vez, elevar a vigilância sobre como são aplicados o
dinheiro, dos nossos insuportáveis impostos.
As redes sociais usadas constantemente, por
nossos jovens e adultos que a elas se converteram pode ser hoje um grande
instrumento de controle. Inclusive as autoridades policiais, que desenvolvem
atividades investigativas pautados na inteligência, utilizam com frequência, as
redes sociais, que de certa maneira, vem dando suporte aos seus serviços e uma
maior transparência a nossa democracia.
Dentro deste contexto fica o apelo da
transparência dos gastos públicos, já! Caso contrário a verdade aparecerá como
agora. Parabéns, ao Ministério Público Federal e a Polícia Federal, que apesar
do seu sucateamento, tem dado respostas à contento a sociedade, além do mais,
esperamos que o Ministro da Justiça, não atrapalhe nenhum tipo de investigação.
Chega de teatro e repressões anacrônicas! Cada um se revelará no momento
oportuno. Vamos aguardar!
José Alves de Azevedo Neto
Economista
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