Muito Imposto e Serviço Zero
Segundo pesquisa
internacional sobre carga tributária, realizada pela rede internacional de
contabilidade e consultoria, o Brasil possui a maior carga tributária do BRIC (Brasil,
Rússia, Índia, China), com recolhimento de 34% do PIB (Produto Interno Bruto)
em tributos. Algo nada desprezível ao considerar que a maioria dos serviços
prestados pelo Estado brasileiro, na atual conjuntura, fica a cargo da
iniciativa privada. A despeito de tramitarem vários projetos de reforma tributária
pelos escaninhos do Congresso Nacional, não se vê nenhum deputado federal
assumir verdadeiramente a causa da reforma tributária, neste país.
Assiste-se através dos
meios de comunicação alguns parlamentares, erguerem a bandeira da reforma
tributária, mas se percebe nitidamente a falta de compromisso desses
parlamentares, em se aprofundarem no tema e se articularem com as forças
políticas representativas das entidades classistas no Congresso, com o fito de
tomarem uma decisão que possa beneficiar efetivamente o contribuinte.
O sistema tributário
atual fere frontalmente o princípio da equidade fiscal, ou seja, o princípio da
justiça fiscal, porque se caracteriza pela regressividade da carga tributária e
não pelo aspecto da progressividade. Visto que de acordo com tal princípio, a
cobrança não deve recair com maior vigor sobre a classe mais pobre da
sociedade, mas sim, sobre aquelas que auferem maiores rendas.
Dentro deste escopo, a
reforma tributária considerada uma das reformas estruturais do país, prometida
por vários candidatos à presidência da República em palanques eleitorais,
tornou-se urgente para a nação. Pelo aspecto citado acima, como também por
majorar o custo de produção das empresas, que sofrem significativamente com a
nova ordem econômica da globalização, quando são instados a competirem com
produtos de países com carga tributária bem menor.
Por outro lado urge
necessário salientar, o paradoxo enfrentado pela população brasileira, que paga
muito tributo, em contrapartida não recebe os serviços compatíveis com valor
retirado pela cunha fiscal, do Estado. Os serviços sonegados pelo aparelho
estatal ultrapassado e senil do Brasil são substituídos pela onerosa prestação
de serviços, oferecida pela iniciativa privada.
No caso da saúde, aqueles
que não possuem suficiência econômica para adquirir um plano de saúde, estarão fadados
a se submeterem à baixa qualidade dos serviços públicos oferecidos, pela rede
hospitalar pública. Embora já seja de domínio público, que as operadoras de
plano saúde não têm oferecido um bom serviço aos seus usuários, haja vista, a
suspensão recente pela Agência Nacional de Saúde de alguns planos, que ainda
não se adequaram as novas normas da agência.
No tocante ao
imprescindível serviço da educação, a sociedade também, encontra-se
desprotegida, caso queira proporcionar aos seus filhos serviço de qualidade na
área educacional, deverá recorrer à iniciativa privada, pois à escola pública
no Brasil é de baixa qualidade. Isto quando não estão em greve, colocando os
pobres dos contribuintes, sobretudo àqueles que não podem recorrer ao ensino
privado, refém dos seus serviços.
Quando se reflete
sobre as estradas brasileiras, a problemática não se difere muito dos demais
serviços, elas não estão bem conservadas e o governo alega não possuir recursos
para as obras de melhoria, portanto, vem entregando várias delas a iniciativa
privada, o que leva os motoristas ao trafegarem por elas, a pagarem alto preço
pelo pedágio.
Infelizmente assiste-se
hoje no Brasil, o Estado sofrendo de emagrecimento, saindo de inúmeras
atividades, e a sociedade arcando duas vezes com o preço do serviço. Uma quando
se recolhe os respectivos tributos, que o Estado não oferta mais, e a outra vez
quando somos obrigados a recorrer aos serviços privados para adquirir os
serviços já pagos, no momento do recolhimento dos tributos. Desta maneira o
estelionato do Estado brasileiro fica mais evidente, o que da margem da
sociedade perguntar, a onde estão colocando o nosso dinheiro?
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