Brincando
com Fogo
Infelizmente
inicia-se o ano de 2014, com mais uma alta da taxa Selic, responsável por
balizar todas as demais taxas de juros da economia, desta feita no dia quinze
de janeiro, o Banco Central, através do Copom (Comitê de Politica Monetária),
faz uma insensata surpresa a sociedade, aumenta para 10,5% ao ano a aludida
taxa, o que poderá produzir para o tesouro nacional, uma despesa financeira neste
ano de R$ 70,7 bilhões, contra a do exercício de 2013 que ficou em R$ 56,5 bilhões,
uma majoração da ordem de R$ 14,2 bilhões, destinados generosamente, aos
banqueiros brasileiros, que agora estão sorrindo de orelha a orelha, tendo em
vista que os seus produtos, como os fundos de renda fixas e outros terão uma
melhora significativa nos seus rendimentos, em detrimento das políticas
públicas governamentais, de âmbito social.
O
governo federal brincou com fogo o tempo todo, não teve a capacidade de
gerenciar com responsabilidade os gastos públicos, pelo contrário, proporcionou
uma elevação crescente deles, combinado com as inúmeras reduções do IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados), com o intuito de fomentar o consumo,
sem focar a gestão nos investimentos públicos e prestigiar o privado, que
possuem o condão de agregar valor a todo o sistema econômico, através das obras
de infraestrutura, gargalo que inviabiliza o crescimento econômico do país hoje.
Não
adianta se comemorar a elevação do salário mínimo sem compatibilizá-lo, com a
expansão da produtividade, ou seja, ofertar mais bens e serviços, pois faltarão
produtos no mercado e a consequência natural e evidente, deste processo
constitui, nos aumentos dos preços por parte dos empresários, que não podem
atender a demanda agregada da economia, em decorrência da elevação da renda do
consumidor, a não ser através das importações de produtos com o fito de
compensar a falta da oferta interna de bens e serviços, o que na atual
conjuntura, tornou-se caro devido à desvalorização cambial, gerada pela saída
de dólares e mudança da política monetária americana, todo este cenário já
previsível, todavia, o governo optou por fazer uma política econômica populista
e agora não poderá reclamar, a conta chegou, e não será pequena.
Por conta deste circulo vicioso, ressurge a
indomável inflação do governo da presidenta Dilma, com uma fúria infernal,
fazendo com que a equipe econômica, seja compelida a praticar a tão antipopular
política monetária restritiva, cujo viés reside no combate da alta dos preços
que não querem recuar, preocupando as hostes petistas, que este ano querem de
toda maneira, reeleger a sua candidata a presidente da República. Nada de mal
neste pleito, só que infelizmente, o dever de casa não foi feito de acordo com
o manual econômico, e o ano de 2014, um ano de eleições, não é aconselhável,
utilizar dos remédios amargos dos economistas, haja vista, que os reflexos
sobre os eleitores, são negativos e nocivos para qualquer candidato que busca o
seu segundo mandato.
Será
que valeu a pena os discursos demagógicos e sofistas proferidos pela ilustre
presidenta nos últimos anos, para angariar popularidade fácil e num ano crucial
para sua reeleição, implementar políticas de combate à inflação, que poderão
naturalmente, fortalecer o discurso da oposição? A única alternativa neste
momento será aguardar o desenrolar deste imbróglio. Viva o Brasil da inflação!
José Alves de Azevedo Neto
Economistas
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