Desindustrialização
Com a sua descoberta a partir do ano de 1500, quando o
território ainda era chamado de Terra de Santa Cruz, o Brasil destacava-se como
o grande exportador de pau-brasil, caminhando-se para o período seguinte, adentra-se
no período denominado de ciclo do açúcar, quando se atingiu também o patamar de
grande exportador de açúcar para o continente europeu. Tais períodos são considerados
pela historiografia brasileira de colonial.
De 1930 a 1956 inicia-se o terceiro período de
industrialização do Brasil, chamado também de Revolução Industrial brasileira, onde
até então se priorizava a venda de produtos primários, para o exterior.
Todavia, nos últimos anos, um problema grave, se aprofunda na
economia do país, o fenômeno da tão propalada desindustrialização ou
reprimarização. Para se ter noção da gravidade do problema, oportuno se faz
destacar o estudo divulgado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), publicada na 13º edição do boletim Radar, em que se revela a
reprimarização da pauta de exportações do Brasil, como um fato consolidado.
De acordo com o aludido estudo, entre os anos de 2007 e 2010
a participação das commodities primárias (produtos oriundos da agricultura) na
pauta de exportações brasileiras saltou dez pontos percentuais (41% para 51%),
depois de se ter estacionado no patamar dos 40% nos anos 90.
Um problema a ser enfrentado atualmente, tendo em vista a
necessidade de o Brasil tomar uma grande decisão em relação aos rumos da sua
política industrial, devendo optar pela continuidade de ser conhecido
mundialmente como exportador de produtos primários, assim como fomos no início
da nossa colonização, ou enveredar-se definitivamente pelo caminho da produção
de produtos com grandes valores agregados à alta tecnologia, como já fazem os
países asiáticos, com o intuito de se competir de igual para igual com as
grandes potências.
Para se ter ideia da dimensão do grave problema que aflige a
indústria brasileira, relevante destacar o resultado da última pesquisa, que no
mês de junho de 2012 constatou que a produção industrial brasileira registrou
redução de 5,5% na comparação com o mesmo período de 2011, o que representa a
maior queda dos últimos 32 meses, segundo fontes estatísticas do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatísticas).
A causa deste processo danoso contra as indústrias nacionais
reside na falta de competitividade, carga tributária excessiva, encargos
trabalhistas, que não existem em nenhum lugar do mundo, burocracia, juros e
custos de energia entre os mais altos do mundo. O que de certa forma não é novidade para
nenhum brasileiro sensato.
Se as soluções não
forem tomadas dentro de um período aceitável de tempo, o país poderá retornar
infelizmente por inércia das autoridades constituídas e responsáveis pelo
crescimento econômico do país, ao seu passado colonial, enquanto outras nações
investem significativamente em ciência e tecnologia. São de produtos de alta
tecnologia e de grande valor agregado que o país necessita para alçar voos em
direção a novos mercados mundiais. Sem fazer este dever de casa o caminho mais
rápido será o retrocesso econômico. Será que o Brasil perderá mais este trem da
história? Não acreditamos.