Venezuela
em Chamas
O povo venezuelano numa
demonstração de inconformismo com o resultado das urnas, que resultou na
eleição de Nicolas Madura, com uma pequena margem de votos de 1,66%, sobre o
candidato de oposição Henriques Capriles, encontra-se na rua clamando às
autoridades públicas daquele país, recontagem dos votos, por acharem que a
eleição foi manipulada, e não expressa legitimamente a vontade popular.
Relevante salientar,
dentro do atual contexto político e econômico da Venezuela, que a população não
anda satisfeita com o governo atual e reeleito, pois as questões econômicas
mais elementares não são resolvidas, como por exemplo, à inflação que já chega
a casa dos 30% ao ano, desemprego elevado, desabastecimento de alimentos nos
supermercados e insegurança pública, sobretudo, nas ruas de Caracas onde os
índices de violência estão insuportáveis.
Outra questão que requer
reflexão, diz respeito à doença holandesa, mau que sofre hoje a Venezuela, a
despeito de ser um dos maiores produtores de petróleo do mundo, não conseguem
converter a renda do petróleo num processo de industrialização do país fazendo
com que a Venezuela, seja na atual conjuntura, altamente dependente das
importações de bens e serviços, chegando a importar até mesmo escova de
dentes.
O que ocultava os
problemas econômicos e sociais vividos pela Venezuela e encantava grande parte
da população, principalmente os mais pobres, era o carisma incontestável do
líder bolivariano Hugo Chaves, que com toda a sua sensibilidade política,
conseguiu apropriar uma parte da renda do petróleo exportado pela Venezuela, e
formar um colchão social, com aporte da renda do petróleo nos programas
sociais, e como consequência conseguiu construir grande popularidade, nas
classes mais pobres do país, com a promoção de uma melhor distribuição de
renda.
Só que o rei morreu e
com ele o sonho de se fazer a revolução, e o seu sucessor, não é de formação
militar e muito menos goza do carisma do seu líder, exibiu nas urnas um
desempenho muito abaixo do esperado, com todo o uso e manuseio da máquina
pública a seu favor, que hoje encontra-se na sua maioria dos cargos ocupada por
militares, o que pode configurar como uma ameaça ao futuro governo.
Maduro conseguiu nas
urnas uma vitoria com profundo gosto de derrota, usou na sua campanha eleitoral
a todo o momento a imagem de Chaves, e fez do funeral do ex-presidente um
grande palanque para se promover, nem assim obteve uma votação expressiva, que
pudesse oferecer-lhe uma vantagem considerável sobre o seu opositor Henriques
Capriles, com o objetivo de se consolidar no poder.
Por conta desta
eleição duvidosa, o povo da Venezuela faz um grande levante cívico para
protestar contra o resultado eleitoral, que eles reputam como uma eleição
viciada. Lamentável!
José
Alves de Azevedo Neto
Economista
Nenhum comentário:
Postar um comentário