Cenário
Nebuloso
A
despeito das manifestações ocorridas nos últimos dias pelos jovens de todo o
Brasil, numa demonstração clara de insatisfação com a classe política
brasileira, fato que culminou na aparição da presidente da Republica, em cadeia
nacional, ocupando o espaço vazio deixado pelos políticos do país, quando na
oportunidade a aludida autoridade após consultar o seus assessor de marketing,
João Santana, propôs a sociedade inúmeras medidas, dentre elas uma reforma
fiscal com o escopo de equilibrar as contas públicas.
Fica
difícil acreditar numa proposta de reforma fiscal, vinda por parte do governo
Dilma, tendo em vista que a atual administração pública federal, nos últimos
meses, patrocina um robusto programa de renúncia fiscal, com as sucessivas
reduções do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), para setores cuja
cadeia produtiva possui significativa capilaridade no sistema econômico, além
de elevar os gastos públicos de forma inconsequente, com reflexos negativos
sobre a curva do superávit primário (receita menos despesa, sem a conta juros)
que o governo deve fazer, com o objetivo de financiar a dívida pública interna
do país.
Se
a nobre presidente estivesse inclinada e desejoso de implementar uma reforma
fiscal, eficaz no país, o seu primeiro ato deveria ser o de fazer uma ampla
reforma administrativa, com o fito de reestruturar os vinte dois mil cargos de
confiança existente atualmente na administração pública federal, que serve de
moeda política para o governo construir a sua base de apoio no Congresso
Nacional, através da famosa política do “é dando que se recebe”, além de
reduzir o número dos ministérios que hoje somam trinta e nove pastas, onerando
fortemente o contribuinte nacional, iniciativa que contribuiria sobremaneira para
a contenção dos gastos públicos e atenuar o cenário nebuloso que toma conta da
economia nacional, exatamente numa conjuntura, em que o Banco Central do
Brasil, reduz a previsão do PIB de 3,1% para 2,7% em 2013 e rever a projeção da
inflação do IPCA, que subiu de 5,7% para 6%, este ano, para infelicidade dos
trabalhadores que terão o seu poder aquisitivo corroído ainda mais. Vamos aguardar!
José Alves de Azevedo Neto
Economista