terça-feira, 17 de abril de 2012
OPINIÃO DO DIA - Eduardo Graeff: A língua do PT
“Nunca diga “corrupção” quando um companheiro
estiver envolvido. Soa grosseiro, preconceituoso, udenista. Prefira “malfeito”,
no tom ligeiramente condescendente de mãe dando bronca em filho: “Que malfeito,
menino!”
Mas evite chamar companheiro de “malfeitor”.
“Corrupto”, nem pensar, claro. Se for inevitável adjetivar, tente “aloprado” ou
qualquer coisa do mesmo campo semântico, denotando mais falta de jeito do que de
escrúpulo.
“Mensalão”, só pronuncie para abjurar, como
ontem mesmo o companheiro Jilmar Tatto: “Isso que é chamado de mensalão, e que
nós, petistas, repudiamos e afirmamos que não existiu, tem sua própria rotina.
Será julgado pelo STF. Se quisermos falar desse episódio, temos de tratar de
financiamento de campanha, e não de ocupação da máquina do Estado, como queria o
Cachoeira. Mensalão é caixa 2, é outra coisa”.
“Hegemonia”, na língua do PT, é isso: a
pretensão de reescrever numa penada o dicionário e a história do Brasil.
Cada louco com a sua mania… Essa pelo menos
facilita a vida dos institutos de pesquisa. O entrevistador chega numa esquina
movimentada e pergunta: “Quem aí acredita que o mensalão não existiu?” Quem
levantar a mão é petista.”
GRAEFF, Eduardo, mestre em ciência política
pela Universidade de São Paulo, no Blog eAgora, 13/4/2012.
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