quarta-feira, 7 de março de 2012

Retirado do Blog Economia do Norte Fluminense - Estratégia de reestruturação Econômica da China e os reflexos para economia brasileira

Matéria do Globo deste domingo mostra a consistente estratégia de internacionalização da economia chinesa. Na verdade, o forte processo de industrialização da China é dependente de matéria prima do exterior, especialmente, de países com recursos naturais abundantes. Neste caso, destacam-se os continentes da África e América Latina, com uma boa presença do Brasil que, segundo pesquisa não oficial, recebeu US$ 16,7 bilhões de investimentos diretos no período de 2009 / 2011, enquanto que as estatísticas oficiais registraram a entrada de US$ 3,0 bilhões no período 2005 / 2011. A diferença é porque as pesquisas oficias não captaram os ingressos indiretos através de Hong Kong e outros paraísos fiscais. É importante observar que a China está buscando fortemente uma maior independência dos países fornecedores de matéria prima como o Brasil, adquirindo, através de participação acionária, negócios nos setores de energia, mineração, metalurgia e siderurgia, além de recursos naturais em alguns casos subvalorizados por conta de crises econômicas. Segundo a mesma pesquisa, os investimentos da China no mundo já chegaram a US$ 300 bilhões.
Em que ponto a presente estratégia chinesa afeta o Brasil?
Os indicadores do comércio exterior mostram que a China tem um papel preponderante na demanda externa brasileira, a qual se baseia, exatamente, na aquisição de matérias primas para a sua industrialização. Isso quer dizer que a busca da independência chinesa a essas matérias primas causa impactos sérios a economia brasileira. Porém, uma alternativa para o Brasil seria ampliar o investimento na geração de oferta de produtos com maior valor agregado, ampliando a sua capacidade competitiva junto às grandes nações, o que parece não ser tão simples, dado os indicadores de exportação por fator agregado.



Observando a participação percentual dos principais compradores na pauta de exportação brasileira, verifica-se que no período de 2006 a 2011 (em 2011 análise consiste no primeiro semestre), os Estados Unidos perdeu participação de forma acentuada. Em 2006 era o principal país comprador com uma participação de 18% na pauta, caindo para 9,9% em 2011.
Contrariamente, a China que ocupava o terceiro lugar em 2006 com 6,1% de participação, evoluiu para o primeiro lugar em 2011 com uma participação de 16,9% na pauta de exportação.
Na avaliação sobre o percentual da exportação por fator agregado, acentua-se a preocupação em relação a uma inserção qualitativa do Brasil no mercado global. O gráfico apresenta a trajetória de declínio da participação percentual da exportação dos produtos manufaturados, caindo de 54,3% em 2006 para 36,7% em 2011 e a trajetória ascendente da participação percentual da exportação dos produtos básicos. Em 2006 representava 29,3% subindo para 47,5% em 2011. Essa inversão representa um grande gargalo competitivo do Brasil e ratifica as futuras dificuldades, em função da estratégia chinesa.

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