domingo, 6 de maio de 2012
O sistema bancário como indutor do desenvolvimento local
É
comum a discussão sobre desenvolvimento econômico regional endógeno a partir da
atividade produtiva de bens e serviços. Neste caso, a organização das empresas
em rede, a integração da produção no território e a inovação são elementos
essenciais.
Entretanto, a mesma discussão pode ocorrer através de
outra concepção. Trata-se da moeda endógena como fator de desenvolvimento
regional. Neste caso, a rede bancária entendendo que o sistema econômico local é
dinâmico e merecedor de confiança, direciona crédito para empurrar a produção de
bens e serviços. A endogenia se caracteriza pela ação induzida, planejada e
controlada internamente.
Nesse contexto, o conceito fundamental é o postulado
pós-keynesiano de preferência pela liquidez, no qual os bancos influenciam o
grau de desenvolvimento das regiões. Esses definem a quantidade de crédito para
investimento no sistema produtivo em função da preferência pela liquidez, tanto
dos bancos, quanto do público.
O
índice de preferência pela liquidez dos bancos representa o seu próprio
interesse quanto à alocação de seus recursos. Os bancos querem maximizar lucros
e decide por maior ou menor liquidez, conforme o grau de desenvolvimento e
segurança oferecida por cada região. Neste caso, o coeficiente de liquidez surge
da equação depósitos a vista sobre operações de crédito, o qual refletirá a
medida com que os bancos gerenciam a sua preferência pela liquidez, tornando
seus ativos mais ou menos líquidos, segundo a região em que operam. Neste caso,
quanto maior o índice, maior a preferência pela liquidez dos bancos, ou seja,
menos empréstimos e mais dificuldades para a atividade econômica real que
precisa de investimentos
Assim, pode-se afirmar que regiões que apresentam alta
preferência pela liquidez costumam apresentar problemas de crédito e,
conseqüentemente, dificuldade para se desenvolver, já que os bancos redirecionam
seus recursos para regiões mais dinâmicas e ofereçam mais confiança. Ocorre ai o
fenômeno caracterizado como fuga dos recursos da periferia para o centro mais
desenvolvido.
Veja o caso de São João da Barra que, apesar de sediar
substanciais investimentos privados, apresenta o pior índice de liquidez
bancário, na comparação com Campos e São Francisco de Itabapoana. Neste caso,
claramente o sistema bancário indica baixa confiança no sistema econômico,
preferindo deslocar os recursos que, teoricamente, poderiam ser disponibilizados
como crédito local, para outros mercados mais dinâmicos e com mais
credibilidade. Esse indicador confirma um quadro econômico preocupante, onde
três pilares sobressaem: o volumoso orçamento do governo com forte dependência
de royalties de petróleo, os investimento privados puxados por grandes que usam
recursos naturais e a atividade doméstica que se fragiliza.
Estamos diante de um grande problema!
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